Cristais de sal.

Mesmo de coração partido, com as malas feitas e preparada psicologicamente para, mais uma vez, ir embora, dói como nunca tinha doído antes, porque eu tinha uma vontade incomensurável de ficar mas, tu não me pediste isso.
Pelo contrário, com as tuas atitudes, só conseguiste escorraçar-me da tua vida e da tua vista.

Só que, desta vez, pensava que não ia doer tanto…
E não dói.
Para ser sincera, a dor destruiu-me, de dentro para fora, e isso nunca tinha acontecido.
E sabes o que mais me doeu?
Não foi o teu desprezo, nem o modo frio como me afastaste e tens afastado  da tua vida.
Indubitavelmente, o que mais doeu foi ver os outros a pedirem-me desculpa por erros que são teus.
Cada vez que o faziam, a minha raiva aumentava, e a frustração também.
Nem vou falar da tristeza, nem dos mares de lágrimas que chorei  não por ti, mas porque me sentia tão, mas tão estúpida.

Depois de tantas lamentações e frustrações, tive de seguir sozinha.
Com as minhas lágrimas, que agora são cristais de sal secos no meu rosto frio e cansado.
Finalmente, quando comecei a refazer-me, tu, gentilmente, voltaste aos poucos, devagarinho, a rastejar como uma cobra mansa, como quem não quer nada.
E eu, ingénua, acreditei em ti novamente.

Voltámos a ser o que éramos, mas não da mesma forma que da primeira vez.
Quando recuperei a confiança que tinha em ti, mais uma vez voltaste a dar o bote.
Como cobra que és, a tua natureza nunca vai mudar.

Mas eu mudei. Não para pior, porque eu não sou assim. Mas não é justo que me deixe atingir ao ponto de mudar aquilo que sou e sempre fui.
Toda a confiança que tinha em ti partiu-se em 101 pedaços, como se fosse um copo de cristal francês.

E, como disse, eu mudei. Aprendi com os meus erros e com os teus também. Aprendi que não devo confiar em ti e que uma cobra, por mais que mude de pele, será sempre uma cobra.

Claramente, tenho de me recompor, recomeçar, curar o meu coração e os meus sentimentos para poder voltar a viver plenamente, como antes.
Obviamente, isso vai levar o seu tempo, mas tenho de passar por esse processo sozinha.
Tenho de fazê-lo por mim, para mim.

Porque, no fim, é sempre assim.
Eu por mim, para mim e comigo mesma.

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