Ecos de uma presença ausente.

Estou perto da janela do meu quarto, a ver o sol a bater no vidro, enquanto a chuva desce e o deixa embaciado.

O ar condicionado marca 36 graus, mas eu estou a tremer de frio.

Acabei de fazer um café.
A chávena está tão quente que quase me queimei, mas, quando o fui beber, parecia que tinha estado no congelador durante três dias.

Toquei a tua pele sobre a cama, porém, o teu corpo não estava aqui.

Vi a tua sombra em direção à minha, porque o sol batia na janela.
Entretanto, quando olhei novamente para a janela, só vi uma lua cheia, mas vazia de luz.

Agarrei-me a mim mesma e pus-me sentada na cadeira, enquanto os meus pensamentos se erguiam em direção a uma imagem que não estava no espelho.
Só que, de alguma forma, ela estava lá.

Senti a tua mão a tocar-me. Tentei encontrar-te.
Tu não estás aqui...
Então, porque sinto o teu calor?

Eu não estou em mim.
Sinto-me em ti.
Parei para olhar para mim e vi que estava sozinha na cozinha, com um copo de chá pousado sobre a mesa e o rádio ligado na tua estação favorita.
No meu bloco de notas, estava escrito tudo isto.

Eu apenas sonhei com o que tinha lido, quando adormeci a ouvir a nossa música.

Em baixo do texto, havia uma nota escrita que dizia o seguinte:

"Este texto não faz sentido nenhum, mas tenta sentir um pouco do que está aqui escrito para perceberes como dói querer ter alguém que, no fundo, sabemos que nunca vamos ter, porque essa pessoa só nos dá uma pequena sobra de si mesma."


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